Acredito que a todas as criaturas vivas lhes foi dado o dom de amar, mas esse dom ao contrário dos outros, não é para ser aproveitado sozinho, ele foi feito para ser gozado em conjunto, com demais criaturas. Basicamente, é um dom que permite que nós interajamos e fomenta o convívio. Obviamente que estou a falar do amor no sentido mais abstracto no termo: quiçá lhe chamem platónico, outros lhe chamem fraternal. Não sei, se calhar o melhor é nem se calhar complicar e vamos chamar-lhe simplesmente chamar-lhe Amor.
Na Mitologia Grega, os primeiros seres criados pela Mãe Terra fruto da sua relação com o Céu foram os ciclopes, que, como devem, eram gigantes contendo apenas um olho desenhado na sua ampla cabeça calva. Essas criaturas foram espoliadas de qualquer interesse e compaixão por todas as restantes criaturas vivas, sendo temidas e receadas, muito dificilmente lhes foi dado o dom de poderem amar. Como haveria de ser, constituíndo como eram criaturas horrendas, lhes fosse dado o dom de amor. Impossiiblitados de poderem dar uso a esse dom, morreriam de solidão. Não consta que algum ciclope fosse capaz de amar, visto que o mais famoso, Polifemo, adorava alimentar-se de carne humana.
A mitologia grega, ao crontário da cosmogonia judaico-cristã, permitia que as suas divindades deixassem imperfeitas as suas criações, e os ciclopes eram um perfeito exemplo disso pois estiveram precisamente entre as primeiras tentativas das divindades mais gregas mais ancestrais (O Céu e a Terra) de criarem criaturas à sua imagem, capazes de olharem, ouvirem, caminharem, e porventura sentir. Mas provavelmente o amor não esteve entre as primeiras qualidades com que Úrano (o nome do deus Céu em Grego) e Gaia (nome da deusa-mãe Terra em grego) concedeream às suas primeiras criações. Os mitógrafos gregos nunca falam da descendência que pudesse ter havido entre ciclopes, porque senão poderiam ter colocado em risco os Titãs e os Olimpianos, que se sucuderam àqueles no domínio do Mundo.
Isto tudo a respeito dos ciclopes que representam todos os seres imperfeitos que “existem” na nossa realidade que provavelmente precisarão de amor e que têm capacidade de amar, e os deuses ou Deus não se lhes esqueceu de lho conceder, mas que sofrem por que têm dificuldade em encontrá-lo nos tempos que correm, em que o Amor não abunda.